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A Queda Programada: O Fantasma de 1929 no Século da IA
Quando os algoritmos herdam os pecados humanos, o crash deixa de ser acidente — e vira atualização.
Imagem gerada por IA.
Ele guardava o gráfico numa caixa de metal, entre sementes e papéis amarelecidos.
Samuel Benner não via mercado como cálculo, mas como estação: vinha o verão da ganância, vinha o inverno do medo.
Contava os ciclos como quem conta colheitas, rabiscava linhas que pareciam profecias.
Décadas depois, Wall Street aprendeu a falar em códigos; relâmpagos de preço cruzam os servidores como enxames digitais.
Alguém aprendeu a traduzir superstição em algoritmo.
A bolsa deixou de ser praça e virou templo — e os sacerdotes trocaram túnicas por feeds de dados.
Nas salas escuras, homens com olhos de pixel combinam apostas enquanto o mundo dorme.
Quando o sino de abertura tocou, ninguém percebeu que a orquestra tocava o mesmo compasso de 1929: o instrumento mudara.
O fazendeiro olhou a colheita; os engenheiros, as máquinas.
E, no meio dessa tradução, ficou a pergunta sem voz: se a queda é um roteiro, quem a dirige?
🌾 O Eco do Passado
Em 1875, um fazendeiro americano olhou para o campo e enxergou mais do que colheitas.
Seu nome era Samuel Benner, e sua curiosidade não se voltava apenas ao trigo, mas ao tempo — aos ciclos invisíveis que regiam tanto as estações quanto o dinheiro.

Samuel Benner acreditava que o colapso tinha data marcada. Que a ruína era parte de um script, não um acidente. Sua teoria, escrita em 1875, desenhou ciclos que parecem ecoar até o século da IA. Talvez o mercado nunca tenha sido sobre números — mas sobre fé no padrão.” (Fonte: Profecias de Benners: Futuros altos e baixos nos preços)
Enquanto o mundo ainda acreditava que o mercado era pura sorte ou instinto, Benner via nele um organismo vivo — que respirava, se expandia e colapsava com a mesma cadência da natureza.
Entre uma safra e outra, ele rabiscava gráficos em papel grosso, tentando capturar o ritmo secreto da prosperidade e da ruína.
Em 1875, publicou Benner’s Prophecies of Future Ups and Downs in Prices. Poucos o levaram a sério.
Mas o tempo — esse editor implacável — provou que o fazendeiro via longe.
Seu ciclo antecipou o crash de 1929, o colapso de 1987, a bolha da internet e até a crise de 2008.
Chamaram-no de visionário, outros de místico. Talvez tenha sido apenas o primeiro a perceber que o caos tem calendário.
Hoje, quase 150 anos depois, os algoritmos de alta frequência repetem o mesmo ritual, agora travestido de código binário: prever o imprevisível.
E se os gráficos de 2025 forem apenas as novas versões digitais das profecias de Benner?
O Fundo Monetário Internacional, em relatório recente, alertou para as “chances crescentes de uma correção desordenada do mercado global” — um eufemismo técnico para o que Benner chamaria de inverno financeiro.
E enquanto isso, a Forbes questiona se o boom das ações de inteligência artificial não passa de outra bolha disfarçada de revolução.
A História, afinal, não se repete por engano.
Ela apenas muda o figurino, o código e o nome das empresas — mas dança, incansável, ao mesmo compasso que um fazendeiro já havia escutado no vento.
💾 Os Códigos da Crise
De Benner ao Vale do Silício, a obsessão é a mesma: decifrar o padrão.
O fazendeiro via nos preços o ritmo secreto do destino.
Os engenheiros de hoje enxergam nos dados o mapa do colapso.
Mas o que acontece quando a máquina acredita demais nas suas próprias profecias?
Os algoritmos que movimentam trilhões em microsegundos são como oráculos digitais: analisam, aprendem, apostam — e erram juntos.
Relatórios recentes da Reuters e do MIT Technology Review já falam em “bolhas artificiais criadas por inteligência artificial”, alertando que o excesso de previsibilidade pode gerar o crash perfeito.
Os sistemas que prometiam eliminar o erro humano podem estar, ironicamente, fabricando o próximo erro coletivo.
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Sabe aquela sensação de que nem tudo que nos dizem é a verdade completa? Eu sinto isso há anos. Por isso, criei o Conspira Café — um refúgio onde posso dividir com você minhas dúvidas, descobertas e pensamentos mais inquietos. Aqui, escrevo sobre conspirações, segredos escondidos nas entrelinhas e teorias que muita gente evita discutir. Nada de rótulos ou certezas absolutas. Apenas a vontade de entender o que pode estar por trás da cortina.

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